Conheça aqui a história de um casal lindo e inspirador, que transformou uma adversidade em uma nova possibilidade de vida! João Paulo, protagonista da história é quem a conta para nós.
Minha história começou em Julho de 2016 quando eu e meu noivo nos vimos em uma situação financeira um tanto quanto complicada mas não muito diferente de tantos outros brasileiros.
Eu havia sido demitido sem direito a seguro desemprego, logo fomos informados pela imobiliária sobre um reajuste no valor do aluguel. Diante dessa situação resolvi tomar uma decisão que iria mudar as nossas vidas, cheguei para o meu noivo e disse que faria uma loucura e perguntei se ele abraçaria isso comigo, a resposta dele na verdade foi um questionamento: Tenho outra opção? Eu de cara já disse que não! Conversei com minha sogra, que mora em uma chácara e pedi permissão para construir neste terreno. A princípio seria apenas um abrigo provisório, somente até que nossa situação melhorasse e então iriamos desmanchar.
E então tudo começou. Fiz o desenho da planta, medi todos os móveis que traríamos e já defini a posição de cada um deles, utilizei o dinheiro da rescisão contratual para compra de materiais e ao mesmo tempo começamos a nos desfazer do restante dos móveis e objetos, já que acumulamos muita coisa em uma casa que era o triplo dessa que projetei.
Iniciei a obra e os desafios começaram com palavras de desmotivação vindas em especial da família, coisas do tipo “Chegou a esse ponto? Morar num barraco?”, já que ninguém conseguia imaginar o que eu havia idealizado. Quando eu explicava, as pessoas diziam que queriam ver pronto para poder entender.
Iniciei minha obra, claro que pela estrutura, coloquei o telhado e eis que começou a ganhar cara de “rancho” segundo quem via, até que a obra começou a gerar curiosidade quando comecei a instalar as paredes em FORRO DE PVC, que no momento era o material que estava dentro das minhas possibilidades financeiras e resistente as variações de temperatura e clima, como sol e chuva e não teria o estufamento que ocorre em placas de Madeirit usado em construções.
Com as paredes prontas e locais de janelas definidos dei início a parte de água, esgoto e rede elétrica. Com o passar dos dias e muito suor derramado, fui finalizando o suficiente para que pudéssemos entrar; a prioridade era entrar. Concluído o contra piso já era a hora de arrumar as malas, entrar e nos acostumarmos a morar numa casa de plástico e totalmente transparente, ainda não tínhamos a parede externa. Com a mudança feita começou a pior parte: a organização. Pra minha sorte uma das maiores vantagens de morar em uma casa pequena é a facilidade de organizar e limpar. Em poucas horas já estava tudo mais organizado.
Começamos então a perceber a curiosidade das pessoas em querer conhecer, saber se era uma casa mesmo, se aqui dentro tem tudo o que uma casa “normal” tem.
Assim como houveram as críticas de estarmos morando em um barraco, houve também quem jogou ofensas questionando minha força de vontade, dizendo que era impossível eu ter feito tudo sozinho, imagina que um gay iria conseguir fazer coisas de homem. Sim fiz com muito orgulho, e claro que contei com o auxílio de minha sogra e meu noivo na colocação das telhas, nivelamento de piso, etc. mas o restante foi feito com muito suor derramado do meu rosto.
Tenho muito orgulho de abrir minha casa para os curiosos e me sinto muito feliz com as reações de surpresa. Mas nem tudo nessa vida são flores não é verdade? Uma noite somos acordados com chamas entrando dentro de casa, deixamos uma vela acesa do lado de fora em agradecimento a nossa conquista mas a vela caiu, o fogo atingiu o gramado e entrou. Eis o desespero para poder apagar o incêndio, nos salvar, e salvar nossas coisas, mas com conseguimos, perdemos apenas a geladeira e um pedaço da parede, mas como é uma casa de fácil manutenção, troquei a parede em questão de horas. Foi bom para aprendermos que nossa casa é totalmente inflamável, o forro de PVC não é anti-chamas e sua fumaça é tóxica.
Passado o susto demos uma pausa pra recuperar o folego financeiro e realizamos nosso casamento. Agora estamos terminando nossa casa, instalei a manta térmica, fiz as janelas com madeira de pallets, e ficou bem bonito. E comecei a colocar forro de cedrinho do lado externo.
Ainda tenho muito acabamento a fazer, mas hoje vivemos com mais qualidade de vida, temos nossa horta, nossos bichos e nossa vida no campo.