Não sei bem quando ou bem porque a ideia de um parto natural sempre fez parte de mim, sempre pareceu o mais lógico e mais sensato. Nunca cogitei outra forma de trazer filhos ao mundo. E carrego esse pensamento comigo a muitos anos.
João Pedro nasceu com 41 semanas e 2 dias de gestação.
As 14h do dia 9 de maio as contrações começaram, estávamos almoçando num restaurante do bairro vizinho e voltamos para casa. Depois de longos minutos na ducha me deitei um pouco. As contrações se intensificaram e voltei para a ducha. Por telefone com a Doula a confirmação de que a hora estava chegando. Eu estava tranquila e ansiosa ao mesmo tempo. Nossa Doula chegou e logo depois a obstetriz, poucas horas depois fomos para o hospital.
Durante o trabalho de parto usei de um exercício de mentalização que a querida Dani (Doula) me ensinou. Eu escolhi o mar que me acalma e a cada contração eu me imaginava no fundo dele e o João Pedro nadando na minha direção com um sorriso lindo no rosto!
Se foi como eu sonhava? Não exatamente!
Tive medo de não ser capaz.
Tive medo da dor.
Duvidei de mim mesma.
Sai do ‘transe’ e tomei consciência algumas vezes e isso atrapalhou muito todo o processo. Queria muito que ele tivesse nascido na água, sonhava com isso, mas como eu já esperava a água me relaxou muito e tive que sair da banheira.
Ele nasceu ‘a luz das estrelas’ (o teto do quarto parecia uma constelação).
Ao som de mantras, já que assim cresceu dentro de mim.
Cercado de amor e apoio de pessoas que não me deixaram desistir.
Sem intervenções, sem analgesia, pari como sempre quis, da forma mais natural possível. Pude sentir a cabecinha dele enquanto ainda estava dentro de mim, segurei-o nos meus braços assim que nasceu, vi seu Pai cortar o cordão que nos uniu.
E ele mamou no meu seio poucos minutos após seu nascimento, ainda coberto por aquele cheiro maravilhoso que espero nunca esquecer!
Se dói? Dói sim, mais do que eu esperava.
Em cada mulher a dor se mostra de uma forma…
Mas é uma dor transformadora, sem dúvida!
Cheguei a pedir analgesia porque achei que minhas forças tinham acabado, mas somos mais fortes do que pensamos, foram 12 horas de trabalho de parto, e graças a Deus o anestesista não chegou a tempo! No dia seguinte falei ‘Vivi a experiência que queria, mas nunca mais quero passar por isso de novo, dói muito’. Mas bastaram alguns dias pra eu desejar passar novamente por tudo, sentir cada contração, cada sopro de dor. Viver tudo de novo e intensamente.
Ele nasceu a 1 hora e 36 minutos do dia 10 de maio de 2015.
Ironicamente para despistar as perguntas ansiosas de quem queria saber quando ele nasceria, eu respondia: ‘Ele está esperando o Dia das Mães’ E eu acho que ele me ouviu!
Todos os relatos de parto que leio falam do quanto emocionante, bonito e sereno foi! O meu foi emocionante sim! Foi bonito sim! Mas sereno não foi não! Para mim foi um turbilhão de mudanças internas.
Foi entender que mais do que ‘dar a luz’, eu precisava me libertar dos ‘cantos escuros’ que carregava dentro de mim!
Pari não só o meu filho, mas também medos, dúvidas, arrependimentos e mágoas.
E logo eu que duvidei que seria capaz, lavei literalmente a minha alma!
Eu e minha Doula – companheira imprescindível nessa jornada
Direto para os nossos braços
Papai cortando o cordão umbilical depois que parou de pulsar